17/08/2011

Gold Cobra


Anos depois, os Limp Bizkit regressam aos álbuns com a sua formação original. Depois dos últimos trabalhos de tão fraca qualidade parece inteligente que a banda tenha feito as pazes com Wes Borland, desde sempre o elemento mais criativo e inconformado. Naturalmente que as expectativas nunca são muitas quando se fala da banda do senhor Durst mas sendo este um caso de busca por redenção à partida o interesse aumenta.

Gold Cobra até nem começa mal. Desde o início se percebe a presença vincada de Borland na guitarra, com músicas cheias de riffs enérgicos em detrimento do scratch de DJ Lethal, o que é muito bom. Uma linha de baixo forte acompanha a guitarra e os instrumentos de cordas ganham relevo, ofuscando até as vocalizações típicas de bad boy do rap de Fred Durst. 'Gold Cobra', single que já fora dado a conhecer ao mundo acrescenta um pouco de funk ao som e até aqui tudo bem, fica no ouvido e facilmente se enquadra na banda sonora de uma festa. De seguida vem a primeira explosão de Wes Borland com 'Shark Attack', tema que pega nas linhas gerais do clássico 'Break Stuff' e nos permite viajar até ao princípio de carreira da banda e a um dos seus melhores álbuns. Esta e 'Shotgun' são possivelmente as melhores músicas do disco e são precisamente aquelas em que o som dos Limp Bizkit pisca o olho às origens.

O problema vem com a segunda metade de Gold Cobra. 'Walking Away' marca o ponto de viragem na experiência e o que se nos depara pelo caminho não é coisa bonita. Começa tudo com esta música e a primeira (de várias!) tentativa de balada rock. Fred Durst já devia ter percebido que este não é o caminho e que não é cantor para estas andanças. Segue-se 'Loser' que ninguém percebe muito bem o que é, um misto de sonoridade à Chocolat Starfish com mais um esforço pelos meandros do rock ligeiro. Como se não bastasse, a música termina com a introdução ao tema que se avizinha e apropriadamente intitulado 'Autotunage'. Sim... autotune.... e ainda para mais mal concretizado... Daqui até ao fim é tudo uma espiral descendente. '90.2.10' soa a esforço de conseguir um hit de verão mas claramente é um tiro ao lado. Os dois últimos temas não acrescentam nada de novo e reforçam a vertente rap do disco.

Para quem ainda não esteja cansado, a edição especial traz mais quatro temas que, à excepção de 'Back Porch' que é mais semelhante à primeira metade do álbum, venha o diabo e escolha... Temos mais duas tentativas falhadas de balada e finalmente (sarcasmo presente) um verdadeiro tema rap onde Fred Durst convida Paul Wall a "brilhar" consigo.

Se não fosse a terrível inversão de marcha a partir de meio do disco, Gold Cobra até seria um esforço agradável, dentro do possível. Músicas mais frescas, com a influência de Wes Borland a notar-se claramente, são bem vindas. Mas depois... Fred Durst volta a assumir protagonismo e a revelar o lado mais negro dos Bizkit, aquele que procura insistentemente abraçar o rap e o hip hop a contornos mais rock e metal. E o vocalista dos Limp Bizkit ainda não percebeu que a coisa já não lá vai. De resto, as letras são o mais supérfluo possível e em grande parte desprovidas de sentido, mas outra coisa não seria de esperar. Ouvir Limp Bizkit não é procurar mensagem e poesia. É um disco que vale por meia dúzia de músicas mexidas e que ficam no ouvido. Infelizmente, não é suficiente para desculpar o resto. Nota 4/10.


Deixo-vos com a melhor música do álbum, 'Shotgun':


Imagem: hitthefloor.co.uk

3 comentários:

Max disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Max disse...

Nunca é demais relembrar:

http://www.youtube.com/watch?v=2MI-_jWAmlE

Ishkur disse...

São pérolas como essa que fazem do Fred o "génio" que ele é... :D

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