Hisingen Blues*

Um dos álbuns mais deliciosos deste ano foi sem dúvida Hisingen Blues, dos suecos Graveyard. Rotulados como banda de stoner-rock a verdade é que estes senhores conseguem ser bem mais versáteis que isso.

Hisingen Blues é uma fusão de rock clássico, blues, jazz e folk. As influências são vastas e notam-se facilmente, dispersando-se entre nomes grandes como os Led Zeppelin, Black Sabbath e Rolling Stones. A abertura é fenomenal, com ‘Ain’t Fit to Live Here’ a lembrar o fulgor dos Zeppelin, num ritmo familiar mas ao mesmo tempo a denotar já uma identidade própria. O tema que dá título ao álbum puxa para uma sonoridade mais progressiva, com uma guitarra mais espacial que rapidamente se transforma numa malha cheia de groove à qual é irresistível acompanhar. Pelo meio há ainda espaço a temas verdadeiramente blues, como ‘Uncomfortably Numb’, uma balada deliciosa e que mergulha no lado emocional com a sua letra incisiva. E para quem aprecie os grandes Sabbath é impossível não gostar de uma malha como ‘Ungrateful are the Dead’, delícia rock cheia desse feeling dos ‘70.

Hisingen Blues proporciona-nos uma viagem no tempo até aos anos 1970 mas traz o vigor de um toque revitalizante, capaz de entusiasmar e nos deixar sedentos por mais. O rock aqui tocado sai com naturalidade e deixa-nos cativos das malhas entusiasmantes que os Graveyard criaram. Simples, cheio de criatividade e sobretudo, um genuíno gosto por música que nos faça sentir bem e apreciar as influências de uma geração que marcou grande parte da música que se faz hoje. Experimentem-no como quem saboreia um bom whiskey envelhecido. Louve-se a convicção com que a banda usa as influências e aprecie-se um dos melhores álbuns rock do ano. Nota 8/10.

Confiram aqui o vídeo para 'Hisingen Blues':

 

Imagem: facebook.com/graveyardofficial
*Artigo também publicado no jornal 'O Quercus', nº63, edição de Dezembro de 2011. 

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