30/10/2010

Mechanize


O percurso dos Fear Factory ao longo dos anos tem sido tudo menos consensual e livre de sururu. Há já uma vasta colecção de conflitos e ajustes na formação da banda, quase sempre relacionados com conflitos de ideias conceptuais e em termos artísticos. Ainda assim, sempre se mantiveram coerentes e capazes de fazer grande música. Aparte Digimortal (2001) que colheu opiniões divididas (e para que fique em acta, a minha opinião deste álbum é bem positiva) toda a sua discografia é na grande generalidade consensual e aclamada com um sucesso evidente, descurem-se obviamente os mais puristas que sempre renegam tudo o que fuja a uma fórmula inicial e mais "verdadeira"...

2010 trouxe-nos então Mechanize, o trabalho de estúdio mais recente destes norte-americanos. Da formação original restam Burton C. Bell, o vocalista, e o retornado guitarrista Dino Cazares, que com este fez as pazes depois da ruptura em 2002. Manteve-se o baixista Byron Stroud e juntou-se a eles Gene Hoglan (dos Strapping Young Lad). Os outros dois membros da formação original, Christian Olde Walbers e Raymond Herrera, formaram entretanto os Arkaea que são outro projecto fantástico de que falarei futuramente, e mantêm um litígio em tribunal, disputando o nome dos Fear Factory.

Mas esquecendo os capítulos novelescos e falando de música que é o que interessa... Mechanize é um álbum muito bom, consistente com aquilo a que os Fear Factory sempre nos habituaram, uma fusão de metal industrial com alguns toques de death e trash à mistura. Naturalmente mantêm-se os efeitos de sintetizador entregando um tom futurista e mecanizado ás músicas e a bateria brutalizante que tanto se aprecia. Destaque neste álbum é o facto de pela primeira vez na sua discografia se recorrer a uma guitarra de 8 cordas, na qual Dino Cazares destila riffs brutais e inclusive se dá ao luxo de alguns momentos de solo, algo que foge um pouco á receita habitual da banda. A nível lírico mantêm-se as críticas políticas e sociais em tom mais subversivo nalguns temas, noutros mais gritadas na cara. O alinhamento está bem conseguido e não há honestamente um tema fraco. A nível de destaque, o single inicial 'Fear Campaign' é bastante bom, bem como o tema 'Powershifter' que é carregado de energia e ritmo veloz. 'Christploitation' remete mais para as variações de voz de Bell entre a sua versão melódica e berrada, o que é uma marca registada sua e que resulta sempre muito bem. Finalmente, destaco aqui o tema de encerramento, 'Final Exit' que vai buscar o nome a um livro de Derek Humphry e que aborda na letra a temática da eutanásia. Este tema é magnífico e mais melódico, encerrando em grande a audição do álbum. Em súmula, trata-se de mais um bom trabalho de uma banda que marcou os anos '90 e que ainda hoje continua referência no universo do metal. Nota 8/10.


Deixo-vos aqui o vídeo do tema 'Fear Campaign':

0 comentários:

Enviar um comentário

Twitter Delicious Facebook Digg Stumbleupon Favorites More

 
Design by Free WordPress Themes | Bloggerized by Lasantha - Premium Blogger Themes | Enterprise Project Management